Centro de Controle de Operações deixou de ser centralizado em um espaço físico; toda a operação, com mais de 100 sistemas, foi migrada em apenas três meses e com o menor impacto possível no negócio
Poucos sabem ou já pararam para pensar sobre a complexidade que é gerenciar a operação de trens. Diferentemente dos outros modais, o transporte por trilhos é realizado, em muitos trechos, por um via única, com rotas fixas. Portanto, não há qualquer espaço para falhas.
O modal ferroviário, assim como o aeroviário, depende de um controlador que, além de acompanhar todo o tráfego, também é responsável por autorizar ou licenciar, termo utilizado no meio, cada veículo com o propósito de prevenir colisões.
A comunicação eficiente dos trens com uma central de controle é um fator crítico para as empresas de transporte ferroviário. Na Rumo (RAIL3), maior operadora de ferrovias do Brasil, isso não é diferente.
A empresa, que integra o grupo Cosan, tem a tecnologia como aliada estratégica para controlar o tráfego dos trens que circulam simultaneamente em todo o Brasil por uma malha ferroviária com cerca de 14 mil km, quase a metade da extensão existente no país, que é de 30,81 mil km.
Controle e disponibilidades são críticos
A circulação de trens depende de uma comunicação online efetiva, o que significa que 100% das composições da Rumo precisam se comunicar o tempo todo, independentemente de onde estiverem, com o Centro de Controle Operacional (CCO), que fica em Curitiba (PR).
“Atuamos em um ambiente de alta complexidade. Utilizamos várias tecnologias para uma gestão de tráfego eficiente, garantindo a logística do país. Um problema na ferrovia, além do impacto operacional, pode até refletir em outros modais de movimentação de carga, como caminhões e navios nos portos”, explica o Diretor de Tecnologia Ferroviária da Rumo, Marco Andriola.
Para se ter uma ideia do quão complexa é a questão da disponibilidade dos sistema de ferroviários, em momentos de pico, a Rumo recebe mais de 1.800 caminhões por dia em um dos seus maiores terminais, em Rondonópolis (MT). “Isso equivale a mais de um caminhão por minuto. Se o terminal parar, isso afeta o complexo rodoviário com filas enormes de caminhões”, conta Andriola.
Com os trens se locomovendo ao mesmo tempo e usando, muitas vezes, as mesmas linhas, outro desafio da Rumo é gerenciar os cruzamentos das composições. “É preciso ter um mecanismo altamente confiável para garantir a segurança e evitar colisão”, comenta Andriola.
Todo ambiente operacional da Rumo, assim como o de back office, até então, rodavam em datacenter, também na capital paranaense, onde fica a sede da empresa. Para garantir total disponibilidade de comunicação do CCO com os trens, mesmo em eventuais situações de risco ou de dificuldade de acesso ao local físico, a companhia resolveu transferir os ambientes operacional e administrativo para a nuvem.
Com a migração dos sistemas, a Rumo aumentou a disponibilidade à mais de 100 aplicações e ferramentas usadas no dia a dia e um maior nível de segurança, afinal, mesmo em casos de restrição de acesso físico, é possível conectar de forma segura aos sistemas de controle de tráfego de outros lugares.
“Foi uma decisão estratégica migrar para a nuvem. Queríamos acabar com a dependência de acesso ao espaço físico e, por isso, optamos em criar um CCO virtual”, justifica o diretor de tecnologia ferroviária da Rumo.
Migração rápida e o fim das dores
A V8.TECH, integradora de TI especializada em tecnologias digitais, foi responsável, junto com a Oracle, em planejar e executar todo o processo. A Rumo escolheu a solução Oracle Cloud Infrastructure (OCI) porque seu ambiente on premise já rodava na tecnologia da fornecedora.
Um desafio do projeto era o tempo de execução da migração, de apenas três meses. “A Oracle e a V8.TECH nos mostraram que conseguiriam atender a esse pré-requisito determinante para a escolha dos fornecedores, mesmo no período de festas de final de ano, e com o menor impacto possível na operação”, diz Andriola.
O projeto teve início em 2020, em meio à pandemia, e a migração foi dividida em três blocos. Primeiro, foram migrados o ambiente administrativo e financeiro, depois, em uma segunda etapa, os sistemas de operação que não impactavam na circulação de trens e, por último, o que gerava impacto na locomoção dos veículos, ou seja, o CCO.
“Com todos os sistemas críticos na nuvem, asseguramos a disponibilidade da operação da Rumo, não só para a circulação dos trens, mas também para a gestão de segurança”, pontua o diretor da Rumo. Outros benefícios que a migração gerou à empresa foram o fim da defasagem de atualização de tecnologias, que anteriormente ocorria no ambiente on premise, e maior escalabilidade, que permitiu à área de TI acelerar o crescimento do negócio.
Um dos fatores que tornaram possível o processo de migração em pouco tempo foi a utilização da tecnologia da VMware, mantendo assim o ambiente produtivo totalmente operante, mesmo com o processo em andamento. A plataforma OCI, da Oracle, está configurada para executar a arquitetura VMware, o que simplificou a migração.
“Isso nos forneceu previsibilidade e controle a todo o processo de migração das cargas de trabalho para a nuvem”, diz Rodrigo Regente, diretor comercial da integradora V8.TECH.
O executivo salienta que outro desafio do projeto foi conectar as redes do ambiente em nuvem com os trens e terminais ferroviários por conta dos diferentes sistemas utilizados por cada um. “Para superar essa dificuldade, foi utilizada uma solução para que a Rumo mantivesse toda a sua estrutura de comunicação IP intacta, poupando a empresa de qualquer problema de rede e roteamento durante a migração”, conclui Regente.
Sobre a Rumo
A Rumo é a maior operadora de ferrovias do Brasil e oferece serviços logísticos de transporte ferroviário, elevação portuária e armazenagem. A Companhia opera 12 terminais de transbordo, seis terminais portuários e administra cerca de 14 mil quilômetros de vias férreas nos estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. A base de ativos é formada por 1.400 locomotivas e 35 mil vagões.
A Rumo está presente na 18ª carteira do ISE B3, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 que reconhece as empresas que são referências em práticas ESG.
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